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DE GERENTE A EMPREENDEDORA: A MINHA TRANSIÇÃO DE CARREIRA

DE GERENTE A EMPREENDEDORA: A MINHA TRANSIÇÃO DE CARREIRA

08/11/2017

 “Aos 24 anos assumi pela primeira vez um cargo de liderança. Morei e trabalhei nos Estados Unidos, participei de um projeto de migração para o Brasil e atuei 7 anos em uma empresa de óleo e gás. Aos 36 anos, isso tudo já não fazia mais tanto sentido.”

Por Luciana Gazzoni, consultora, interculturalista e especialista em gestão de pessoas e liderança

 

No início da carreira meu sonho era me tornar uma diretora de uma multinacional. Queria sair na capa da Exame,  alcançar o tal “sucesso” nas organizações. Na maior parte da minha carreira trabalhei com Gestão de Pessoas, em especial a área de Desenvolvimento Humano e Organizacional. Meus olhos continuam brilhando com as temáticas desta área. Desde que me formei nunca parei de investir em especializações e estudos para compreender o indivíduo nas organizações.

Logo após minha graduação, passei em um programa Trainee. Fui morar nos Estados Unidos para trabalhar com RH em uma empresa de Seleção e Counselling. Aos 24 anos assumi pela primeira vez um cargo de liderança, coordenando 13 pessoas. Foi um período muito intenso de aprendizagens, erros e lágrimas.

Depois disso, aos 26 anos, participei de um projeto de migração de uma área dos Estados Unidos para o Brasil. Voltei para o país, atuei durante 7 anos em uma empresa de óleo e gás e tive a oportunidade de participar de projetos que englobavam pessoas de todos os continentes.

Desenhávamos programas de liderança que seriam aplicados aos mais diferentes contextos culturais. Descobri que nós somos mais parecidos do que diferentes. A esta altura do campeonato, já tinha alcançado o tão desejado cargo de gerência.  O sonho já era realidade. As organizações são palco de muita transformação e creio que são grandes escolas para a vida.

Mas... aos 36 anos isso tudo já não fazia mais tanto sentido. Aquela carreira tão importante, sonhada e na qual e eu tinha investido tanto dinheiro e tempo...não fazia mais o menor sentido.

O grande “turning point” da minha carreira

Minha perspectiva de vida mudou profundamente quando escolhi ter um novo papel: o de mãe.  Sempre pensei que era totalmente possível conciliar carreira e maternidade. De fato, precisei fazê-lo por cinco anos, pois não tinha alternativa naquele período. Tinha um salário significativo na renda familiar e não enxergava outras possibilidades.

Confesso que me sentia dividida, pois amo a área em que escolhi trabalhar. Mas, para ser competitiva no mercado, precisava ter uma vida profissional muito intensa. Saía de casa às 7:15 e raramente conseguia voltar antes das 19:30. Gastava praticamente 1h30min no trânsito, tempo igual ao que eu tinha para ficar com meu filho. Ele acordava cedo para tomar café da manhã comigo e chorava agarrado aos meus pés quando eu saía de casa. Quando eu chegava, nós brincávamos e nos curtíamos muito. Mas entre o banho e o jantar sobravam no máximo 30 minutos de brincadeira. É o suficiente? 30 minutos de qualidade são suficientes para formar um ser humano? Isso sem contar as viagens e os dias que eu saía e retornava sem conseguir vê-lo acordado. Meus dilemas continuaram até que tive minha segunda filha. O tempo realmente ficou escasso.

Eu me perguntava várias vezes: então é isso? Ou você escolhe a carreira ou ser mãe? Como poderia ser a profissional E mãe no padrão que desejava? Afinal, no mundo organizacional não há cargos gerenciais de meio período. Então era essa a liberdade que buscávamos? Estranho. Me sentia escrava da rotina, do salário e do status. Olhava para dentro das organizações percebendo que meu idealismo era somente uma fantasia. Perdi o brilho nos olhos.

Então me permiti olhar para as possibilidades...

Tinha que haver um jeito. Eu não queria abrir mão destes papéis. Minha carreira está conectada com meu propósito no mundo e meu papel de mãe também. Entendendo claramente que cada escolha tem ganhos e perdas, comecei a me experimentar como professora, como coach, como consultora, como escritora. Há tantos papéis no mundo. E se eu pudesse fazer algo diferente, o que faria?

Nunca pensei em ser empreendedora, mas esse foi o caminho que se abriu. Meu plano inicial era fazer um mestrado. Na época, um querido amigo me disse: “Lu, você só vai chegar do outro lado da piscina se tiver coragem de soltar a borda”.

E eu soltei. Abri mão do status, do cargo, do salário, da multinacional, da exposição internacional e de todas as coisas que o mundo valoriza. Claro que não foi na impulsividade. Me preparei espiritualmente, emocionalmente e financeiramente.

Como é ser empreendedora

Hoje vivo uma nova realidade onde é possível conciliar meus papéis. Há muito trabalho e facilmente posso voltar a ter o ritmo que tinha antes. A diferença é que hoje posso fazer escolhas mais conscientes de como investirei meu tempo e aonde. Preciso ter uma organização financeira muito mais acurada. No meio desta crise que nos assola - e que quando soltei a borda não podia dimensionar - posso lhe dizer que a provisão veio, os trabalhos foram abundantes e foi possível construir uma nova realidade.

Estudando jogos de poder com o olhar da análise transacional por Claude Steiner, me deparo com esse trecho inspirador. Resolvi compartilhar com vocês. 
"Almejo depositar tanto quanto retiro de qualquer situação. Quero falar com a eloquência de um poeta e pensar com a sensatez de um sábio. Desejo ser amado por muitos e odiado por ninguém. Quero ser justo, atencioso e prestativo. Quero ser guiado por minha consciência em todas as minhas ações. Almejo envelhecer, ficar com a pele áspera e ser respeitada pela minha vida e por meus feitos. Desejo ser apreciado por meus colaboradores e por meus concorrentes. Quero estar completamente alerta aos meus poderes e à porção de terra que habito. Desejo todas estas coisas sem fazer jogos de poder com os outros, sem abusar do poder e desejo o mesmo para você. E não apenas para você, mas todos nós que habitamos neste planeta, daqui pra frente e para sempre." Claude Steiner

Encorajo você a construir sua nova realidade, seja ela qual for. Com consciência, determinação e sem perder o essencial de vista.

 

 

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