26/06/2020
Por muitos anos elas foram negligenciadas, engolidas, reprimidas. Aprendemos que elas nos atrapalhavam e que deveríamos aprender a suprimi-las se quiséssemos ser bem sucedidos. E agora sabemos que não é possível. Falo das emoções.
Gosto de fazer uma associação com um detector de fumaças. Nossas emoções são detectores que denunciam algo para que possamos agir com assertividade. Elas nos ajudam a sobreviver e desfrutar da vida. E se eu dissesse para você que ao ouvir a sirene você deveria cortar os fios para que o barulho pare sem investigar a causa do disparo. Faz algum sentido? Não, mas foi o que muitos foram ensinados a fazer ao longo da vida.
Temos emoções negativas como raiva, tristeza, medo. Mas cada uma delas tem um propósito de sobrevivência. A raiva nos ajuda a detectar injustiça, desrespeito, invasão de limites. A tristeza permite que possamos perceber o que perdemos e aprender com isso. O medo é nosso aliado na detecção e mitigação de riscos. Tudo isso é necessário para sobrevivermos. O problema às vezes é que essas três emoções são tão intensas que tendemos a ver a próxima cena a ser vivenciada com a mesma lente. E então, aos poucos vamos construindo um viés inconsciente de negatividade.
E as emoções positivas? A Barbara Fredrickson, pesquisadora da University of North Carolina, cita dez emoções positivas: alegria, gratidão, serenidade, curiosidade e interesse no mundo, esperança, orgulho, diversão, inspiração, reverência e amor. As descobertas mais recentes nesta área mostram que as emoções positivas ampliam as nossas lentes, literalmente ampliando nossa visão periférica e nossas percepções do ambiente ao nosso redor. Ao ampliarmos nossa visão, descobrimos novas opções e consequentemente temos novas possibilidades de escolhas. Nossas escolhas afetam as nossas ações as quais impactam diretamente no nosso comportamento. O comportamento ao longo do tempo afeta quem nos tornamos. Percebe como há uma espiral ascendente de crescimento? A longo prazo essas emoções são nutrientes, aumentam a nossa resiliência e estimulam a melhor versão de nós mesmos.
Ao longo da nossa vida, especialmente em momentos de crise, que tal tirar o foco do “quero um futuro melhor” para “ quero que esse momento seja melhor”? Como posso ser melhor hoje? Como posso incluir intencionalmente na minha rotina atividades que alimentam as emoções positivas? Como o meu físico tem refletido o meu estado da mente? Que tal começar ajustando a sua postura e se conectando com o melhor em você. A proporção ideal seria 3:1: 3 emoções positivas para 1 emoção negativa. Desta forma você estará contribuindo com a sua saúde mental e dos seus relacionamentos.