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Breve reflexão sobre o Dia das Mulheres

Breve reflexão sobre o Dia das Mulheres

08/03/2020

Por Luciana Gazzoni, consultora, interculturalista e especialista em gestão de pessoas e liderança

 

É realmente necessário termos um Dia das Mulheres? Será que o assunto já não está ultrapassado? Hoje acordei pensando nisso!

Recebi dezenas de mensagens de quão extraordinárias nós somos e isso me causou ruído interno. Ao longo do dia, cercada da correria usual, refleti um pouco sobre o assunto.

Lembrei que tive um pai que me mostrou o que significa ser um homem que respeita sua esposa e que cuida dela em tempos difíceis. Lembrei que tive uma mãe desbravadora que com 17 anos veio para Curitiba sem nada, fez faculdade e batalhou para entrar no mercado de trabalho. Minha mãe também discerniu o momento de equilibrar família e trabalho, e fez escolhas difíceis, mas que priorizavam a família (como muitas de nós).

Tive mulheres inspiradoras na minha família. Sou casada com um homem amoroso e que me respeita. Tive, no início da minha carreira, uma líder extraordinária, corajosa e inspiradora, e que um dia, ao ser questionada sobre como havia prosperado em um ambiente masculino, respondeu que nunca havia pedido licença. Segui seu conselho!

Eu vi o machismo nas organizações, mas também nunca pedi licença, apesar de me indignar. Penso que tive bons exemplos, mas tenho consciência de que nem todas as mulheres tiveram essa influência.

E voltando ao questionamento inicial: é realmente necessário continuarmos “celebrando” esse dia?

Sim, precisamos continuamente estar conscientes, pois a caminhada ainda é longa.

Hoje escutei de um gestor que ele não queria mulher na equipe, pois queria ter a liberdade de falar palavrão. Semana passada escutei mais um relato de uma mulher que o marido, após o divórcio, sentiu-se livre para não cooperar em mais nada emocionalmente e financeiramente com os filhos. Um mês atrás soube de uma querida amiga, formada, talentosa, que o marido estava lhe agredindo fisicamente. Outro dia, uma gerente de uma organização escutou de seu gestor que ela precisava escolher entre ser profissional e ser mãe. Esses são só alguns exemplos de conversas que ouço diariamente. E então me pergunto: qual é o problema com essas pessoas? Muitos dos dilemas, e histórias, passam por caráter. Ao lutar pela liberdade e direitos das mulheres (necessário!) talvez tenhamos deixado de focar na qualificação e caráter do homem.

Como desenvolvermos referenciais de caráter de forma que eles saibam discernir entre o certo e o errado? Aliás, quem educou estes homens? Opa, talvez mulheres que também precisassem trabalhar seu próprio caráter e seus próprios preconceitos.

Nesse Dia das Mulheres não quero ser exaltada por heroísmo. Desejo que os homens assumam o seu lugar no mundo compreendendo sua importância, identidade e melhorando seu caráter. E desejo o mesmo para nós mulheres.

O que eu posso fazer hoje na educação dos meus filhos, como líder na comunidade e em organizações para contribuir para a mudança da sociedade e da nossa cultura? Não sou vítima, sou protagonista! Minha homenagem hoje é para as mulheres e homens que estão trabalhando para reflexão ética e edificação do caráter das nossas pessoas.

 

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