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Essa Tal Empatia

Essa Tal Empatia

08/05/2019

Por Luciana Gazzoni, consultora, interculturalista e especialista em gestão de pessoas e liderança

 

Recentemente escrevi um artigo sobre a Liderança na Quarta Revolução Industrial (https://www.lightupdesenvolvimento.com.br/novidade/17/lideranca-na-4a-revolucao-industrial/ ) onde ressalto que a empatia é uma das competências chave para o futuro.

Klaus Schwab, fundador do Fórum Global da Economia e autor do livro A Quarta Revolução Industrial diz que no futuro “Precisaremos de líderes inteligentes emocionalmente e habilidosos para modelar e fazer prosperar um trabalho cooperativo. Eles precisarão ser coaches ao invés de comandar; precisarão dirigir por empatia não pelo ego. A revolução digital precisa de uma liderança diferente e humanizada.” (SCHWAB, 2016)

Resolvi então explorar um pouco mais sobre essa tal empatia. Afinal, o que isso quer dizer?

Para iniciarmos é preciso compreender que empatia é uma das 15 competências da Inteligência Emocional e está diretamente conectada com a competência Interpessoal. Alguém competente em relacionamento interpessoal é capaz de:

  1. Desenvolver e manter relacionamentos baseados em confiança e compaixão;
  2. Articular uma compreensão da perspectiva do outro;
  3. Agir com responsabilidade e mostrar preocupação pelos outros, sua equipe ou comunidade/organização maior

Quando pergunto aos meus alunos o que significa empatia eles praticamente respondem automaticamente que é colocar-se no lugar do outro. Na verdade, é isso mas é também um pouco mais. Empatia é a habilidade de estar consciente, compreender e apreciar os sentimentos e pensamentos dos outros. Empatia significa nos sintonizar, estar sensíveis ao o quê, como e por quê as pessoas sentem e pensam do seu jeito. Ser empático então significa ler emocionalmente outras pessoas. Pessoas empáticas importam-se com as outras, demonstram interesse e preocupação genuína. Diante de um mundo com tanta tecnologia, inteligência artificial e trabalhos sendo substituídos por robôs, a empatia é uma habilidade chave que nos faz humanos. É uma ferramenta interpessoal poderosa.

Segundo Daniel Goleman, a empatia pode ser dividida em três perspectivas:

  • Empatia cognitiva: a capacidade de compreender a perspectiva da outra pessoa. O exercício da empatia cognitiva exige que os líderes pensem nos sentimentos em lugar de senti-los diretamente.
  • Empatia emocional: a capacidade de sentir o que a outra pessoa sente. Ela pode desencadear até reações físicas em quem vivencia.
  • Preocupação empática: a capacidade de sentir o que a outra pessoa precisa de você.

Conseguir essa combinação pode ter alto impacto na sua forma de interagir e lidar com seus relacionamentos. Algumas pessoas me perguntam se excesso de empatia não pode atrapalhar a liderança. O excesso em desequilíbrio com os demais componentes da inteligência emocional sim pode se tornar disfuncional. Mas tornar-se insensível à dor do outro também é disfuncional certo? Então empatia equilibrada com auto percepção, consciência emocional e solução de problemas pode ser altamente potente nas organizações.

Finalizo contando uma experiência que vivi. Anos atrás passei por um período muito difícil. Parecia que todas as áreas da minha vida estavam em colapso. Um dos desafios que eu estava vivendo era lidar com um câncer que meu pai estava tratando. Ele estava fazendo quimioterapia e vê-lo sofrer estava me impactando muito. Minha mãe estava cuidando do meu pai e também ficava com o meu filho que era pequeno e ainda não estava na escola. Um dia, após a sessão de quimio do meu pai, eu estava muito preocupada. Estava na empresa trabalhando mas com a cabeça lidando com tudo isso. Eu queria ir para casa e cuidar da minha família. Bom, segui com o dia cheio de reuniões e no horário do almoço a minha Diretora sentou comigo. Começamos a conversar e ela me perguntou o que eu tinha. Disse que eu estava diferente. Ela era uma pessoa exigente e estávamos começando a nos conhecer. E eu muito discreta não queria expor minha vida pessoal. Mas falei por alto que estava lidando com essa situação. Ela me olhou nos olhos e disse “Vai embora. Não há nada aqui que seja mais importante do que cuidar da sua família hoje.” Eu fui chacoalhada nesta hora. Meu senso de responsabilidade estava atrapalhando a minha capacidade de raciocínio e ela foi capaz de discernir isso.  É disso que estou falando, a empatia nos faz sentir verdadeiramente vistos pelo outro.

E é possível desenvolver empatia? Sim, com treino e ativação de áreas do seu cérebro.

O meu convite para você é começar com a escuta empática. Comece ouvindo e se tornando curioso sobre perspectivas diferentes, decisões que as pessoas tomaram, suas razões, pensamentos e sentimentos. Permita-se ouvir sem julgar ou definir se aquilo é certo ou errado. Simplesmente escute o contexto e entenda como o outro chegou àquelas conclusões. Essa pode ser uma jornada instigante que o levará a conhecer galáxias diferentes da que você vive!

 

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”

– Carl Gustav Jung

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